domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tempo de resistir, tempo de lutar

Defender os salários,
os direitos,
as pensões,
os serviços públicos e a democracia

Reforçar a mobilização para defender os salários, os direitos, as pensões, os serviços públicos e a democracia – este é o grande desafio que saiu do encontro nacional de trabalhadores da administração pública realizado na tarde deste sábado, 19 de Fevereiro, em Lisboa. Inicialmente convocada para a Praça da Figueira, a iniciativa acabou por decorrer no salão da "Voz do Operário", à Graça, devido às condições climatéricas sentidas na capital, embora tenha terminado naquela conhecida praça lisboeta, após desfile. Os Sindicatos da FENPROF marcaram presença saliente na acção.

Promovido pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, o encontro manifestou o seu total apoio à luta que tem vindo a ser desenvolvida contra o roubo de salários e pensões, pela manutenção da sua revisão anual, e em defesa dos direitos dos trabalhadores e da existência de serviços públicos de qualidade para as populações.

Durante o encontro, registaram-se intervenções de representantes das organizações sindicais que integram a Frente Comum. Intervindo em nome dos Sindicatos dos Professores membros da FENPROF, Mário Nogueira criticou as opções políticas do Governo em relação aos trabalhadores da administração pública, com destaque para os professores e educadores, e aos serviços sociais do Estado, a começar pela escola pública.

"É preciso parar esta pouca-vergonha!", alertou o Secretário Geral da FENPROF, que afirmaria mais adiante: "Os agiotas que roubam o nosso país estão a chegar longe demais. Os portugueses ganham cada vez menos, consomem cada vez menos, sacrificam-se cada vez mais, mas essa gente sem rosto que rouba indecentemente e se enche imoralmente não pára na sua louca espiral de ganância".

O dirigente sindical deixou outros alertas na "Voz do Operário": "Portugal está a atingir uma situação que, muito em breve, se traduzirá em rupturas sociais graves". Neste sentido, apontou o desemprego, que "atinge valores nunca antes vistos e só o secretário de Estado do Emprego poderia fazer uma apreciação tão positiva, como idiota da situação que se vive. Oficialmente são mais de 620 mil os desempregados, mas, realmente, sabe-se que ultrapassam os 720 mil. O desemprego atinge níveis particularmente graves nos jovens e em grupos mais qualificados, tendo aumentado muito os desempregados de longa duração."

"Sabe-se ainda que cerca de 60% dos desempregados oficialmente registados não têm acesso a protecção no desemprego, vivendo do nada. De igual forma, a precariedade atinge níveis elevadíssimos e muito preocupantes", observou Mário Nogueira.

"Na Educação, como não podia deixar de ser, a situação não é diferente. O governo começou por poupar à custa dos profissionais do sector, roubando nos seus salários e na sua estabilidade, e a caminho já vem o desemprego".

"As medidas que prepara para Setembro", alertou, "são violentíssimas para o sector. As escolas verão a sua organização pedagógica e as condições em que funcionarão postas em causa; os apoios sociais fragilizar-se-ão ainda mais neste país de fragilizações crescentes; os professores e outros trabalhadores da Educação engrossarão a extensa lista de desempregados e, não tarda, irão bater à porta da caridade por instinto de sobrevivência".

Apoio à jornada de 19 de Março
Referindo que "defender serviços públicos de qualidade – nomeadamente na Educação, na Saúde, na Segurança Social, ou na Justiça – é um factor fundamental para o desenvolvimento do país e da qualidade de vida dos cidadãos", a resolução aprovada salienta que "a venda da falsa imagem positiva da externalização dos serviços, por parte dos governos do PS (com o apoio do PSD e CDS/PP) tem como objectivo de destruir o sector público e o papel do Estado na satisfação das necessidades primárias dos portugueses, em favor dos grandes grupos económico-financeiros".

O encontro nacional da Administração Pública realçou "a firmeza, a unidade e a consciência de classe que têm sido demonstradas pelos trabalhadores da A.P. – e, também, pela generalidade dos trabalhadores portugueses – que devem ser mantidas e reforçadas".

Na continuação da luta, os participantes nesta iniciativa decidiram,e estamos citar a resolução aprovada:

1. Manifestar o seu total apoio à jornada nacional de luta que a CGTP-IN vai desenvolver no dia 19 de Março, empenhando-se no esclarecimento, mobilização e numa massiva participação dos trabalhadores da Administração Pública, em defesa dos direitos, salários e pensões de todos os trabalhadores e na rejeição das políticas de direita.

2. Fazer um veemente apelo aos trabalhadores da A.P. para transformarem em expressivas e combativas manifestações de massas, em defesa dos objetivos que antes definimos:

•A Manifestação Nacional da Juventude, no dia 1 de Abril;
•A Marcha pela Educação, no dia 2 de Abril.
3. Por aquilo que representam, tanto para os trabalhadores como para o povo português em geral, os trabalhadores presentes neste Encontro também se comprometem a desenvolver todos os esforços para que o 25 de Abri e o 1.º de Maio possam dar um contributo decisivo na derrota desta política de direita desastrosa para o nosso país.

4. Promover e/ou participar em ações gerais e setoriais que visem defender os serviços públicos , designadamente na Saúde, Educação, Justiça, Segurança Social, Ambiente e Água.

5. Continuar a desenvolver a luta, incluindo a jurídica, contra o roubo de salários e em defesa da legalidade e da justiça.

6. Manter uma intervenção permanente, uma vigilância ativa e um acompanhamento contínuo da evolução da situação, tendo em vista a adoção das formas de luta mais adequadas à defesa dos nossos objectivos.

No final do encontro na "Voz do Operário", os participantes dirigiram-se em desfile até à Praça da Figueira, onde os aguardavam centenas de resistentes à chuva e ao vento, que tiveram direito a uma vibrante saudação dos sindicalistas que estiveram na "Voz do Operário". / JPO

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